terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O Encontro


Te procurei em todos os lugares
No meio das ruas e em todos os bares
Te procurei lamuriosa
No meio de espinhos, no canteiro das rosas
Te procurei no infinito
Em rostos estranhos e caras bonitas
Te procurei nas estrelas
Contando uma a uma, tentando detê-las
Te procurei no futuro e no passado
Visualizando você do meu lado
Te encontrei no presente
Tão simples no meio da gente

(Rejane Luz de Carvalho)

sábado, 4 de dezembro de 2010

Dissimulação



Quem me vê assim, tão radiante
Rosto pintado, boca de carmim
Não pensaria nem por um instante
O que vai dentro de mim
De passos firmes e cabeça erguida
Trago no peito uma enorme ferida
Ninguém imagina que dentro desse corpo riste
Bate um coração magoado e triste
Assim eu sigo em frente
Fingindo estar sempre contente
Vou levando a vida assim
Dissimulando e enganando a mim...
Rosto pintado de felicidade
Para que ninguém nunca saiba a verdade

(Rejane Luz de Carvalho)

O Vento



Na madrugada mansa
Ninguém nas ruas
Somente o vento dança
Baila, baila, louco e desvairado
Como a exibir sua liberdade
Como a dizer:
Olhe, veja como sou forte
Como sou livre
Posso ir e vir a todos os lugares
Posso bater todas as portas
E entrar em todos os bares
Posso erguer vestes
E até derrubar a pose da rainha rosa
Fazê-la dobrar-se
Até quase tocar o chão
Posso derrubar dunas de areia
E também bater nas faces
Sem precisar de mãos

(Rejane Luz de Carvalho)

Andarilho



Envolto no manto dessa noite escura
Somente ouço os meus próprios passos
Cabeça baixa e de mãos nos bolsos
Não levo nada, só o meu cansaço
Sinto vontade de falar baixinho
E cantarolo qualquer canção
Olhando o cinza da calçada
Vejo que não mudou nada
E acelera meu coração
Ando sem rumo, sem endereço
Aonde vou, eu nem mesmo sei
Só sei que no fim dessa longa estrada
Estarei sozinho comigo mesmo
E mais nada...

(Rejane Luz de Carvalho)

domingo, 28 de novembro de 2010

Menino


Menino travesso,
Que me vira do avesso e me faz levitar.

Menino sapeca,
Que erra e que peca, dizendo me amar.

Menino traquina,
Que dobra a esquina, sem se despedir.

Menino moleque,
Que precisa de um breque, pra não me ferir.

Menino tirano,
Com gosto cigano, não cria raiz.

Menino afoito,
Que briga e que xinga, e não sabe o porquê.

Menino danado,
Você está errado, pois eu amo você.

(Rejane Luz de Carvalho)

O Louco




Ele pulava como se o chão estivesse quente...
O brilho molhado dos olhos refletia as luzes da avenida
Sua voz era rouca e baixa como um lamento
Balbuciava sons em meio ao ranger dos dentes
E cada vez mais e mais juntava gente
Uns desconjuravam e outros riam
Alguns até mesmo cuspiam
E em meio ao frenesi de sua valsa louca,
Seus olhos brilhavam
Era o brilho que refletia o espelho de sua alma
Não havia mais compromisso com a sociedade
Não existia nele nem mais um traço de vaidade
Acabaram-se enfim todos os laços com a realidade
E alguém ao longe dizia
É apenas um louco no auge da insanidade !

(Rejane Luz de Carvalho)

Gaivota


Quisera ser uma gaivota
Voar ao alto, bem sobre o mar
Andar em bando, na alegria
Gritar bem alto o meu grasnar
Sentir nas asas a liberdade
De nunca precisar voltar
Sem bagagens, nem endereço
Apenas um ninho pra descansar
Num vôo rasante, e num instante
De alguns peixes me alimentar
Deixar que o vento me acaricie
Pro céu e as nuvens eu contemplar
Quisera ser uma gaivota
Para voar, voar, voar...

(Rejane Luz de Carvalho)

Camaleão



Às vezes sou só alegria, sou festa, carnaval, fantasia
Ás vezes sou morte, tristeza e nostalgia
Há dias que sou vida, canto, danço, renasço, refloresço
Em outros me fecho, choro, vou murchando; quase desapareço
Tem momentos que sou criança feliz, pura, sou água transparente
Em outros, águas escuras, sombrias...
Aí eu sofro desesperadamente.
Passeio então pelos estreitos vales da morte
Mas de repente ressuscito das cinzas
E novamente me sinto viva e forte...
Quem serei eu então?
Serei eu um camaleão?
Ou apenas alguém que vive todos os momentos
Com muita intensidade e emoção!

(Rejane Luz de Carvalho)

sábado, 27 de novembro de 2010

Vida


Não é exatamente a morte que me assusta
É essa angústia do não saber e o não viver
É essa fome, essa sede de amor e de vida
É a pressa, é o tempo...
Os dias dias, as horas, os minutos
Ecoam em mim como um lamento
Como num deserto a procura de um oasis
Eu tento andar, correr em direção do amor
Mas cada vez que me aproximo
Ele se afasta.
Tento então segurar a vida
E a agarro fortemente em minha mãos
Mas me decepciono ao perceber
que ao apertá-lá
Ela me escorre discreta e sutilmente
por entre os dedos...

(Rejane Luz de Carvalho)

domingo, 5 de setembro de 2010

Morte de um Anjo


Posso vê-la e sentir sua angústia, ela teme a vida, pois a carne prende a alma pra se fazer sentir dor, o sofrimento é profundo, posso enxergar através de seu olhar e sua alma translúcida o castigo por acreditar na bondade de um mundo cruel.

 Faz frio lá no alto da montanha sobre qual o anjo paira, a vista é sublime apesar da escuridão encobrir aquela paisagem morta. Ouve-se apenas o tenebroso som do silêncio, não se ouve mais nem mesmo sua fraca respiração e o pulsar de seu coração, ela congelou por dentro, é o fim de sua existência.

 Ela está cansada de lutar contra os próprios sentimentos, desacreditada no amor, o último fio de esperança está se desfazendo no que restou de sua sanidade mental, ela está sozinha apenas com suas reflexões, em sua consciência prevalece o arrependimento de ter se entregado por completo à almas ingratas e mesquinhas incapazes de reconhecer a luz.

                  (Laís Luz de Carvalho/possui direitos autorais/plágio é crime!)