domingo, 28 de novembro de 2010

Menino


Menino travesso,
Que me vira do avesso e me faz levitar.

Menino sapeca,
Que erra e que peca, dizendo me amar.

Menino traquina,
Que dobra a esquina, sem se despedir.

Menino moleque,
Que precisa de um breque, pra não me ferir.

Menino tirano,
Com gosto cigano, não cria raiz.

Menino afoito,
Que briga e que xinga, e não sabe o porquê.

Menino danado,
Você está errado, pois eu amo você.

(Rejane Luz de Carvalho)

O Louco




Ele pulava como se o chão estivesse quente...
O brilho molhado dos olhos refletia as luzes da avenida
Sua voz era rouca e baixa como um lamento
Balbuciava sons em meio ao ranger dos dentes
E cada vez mais e mais juntava gente
Uns desconjuravam e outros riam
Alguns até mesmo cuspiam
E em meio ao frenesi de sua valsa louca,
Seus olhos brilhavam
Era o brilho que refletia o espelho de sua alma
Não havia mais compromisso com a sociedade
Não existia nele nem mais um traço de vaidade
Acabaram-se enfim todos os laços com a realidade
E alguém ao longe dizia
É apenas um louco no auge da insanidade !

(Rejane Luz de Carvalho)

Gaivota


Quisera ser uma gaivota
Voar ao alto, bem sobre o mar
Andar em bando, na alegria
Gritar bem alto o meu grasnar
Sentir nas asas a liberdade
De nunca precisar voltar
Sem bagagens, nem endereço
Apenas um ninho pra descansar
Num vôo rasante, e num instante
De alguns peixes me alimentar
Deixar que o vento me acaricie
Pro céu e as nuvens eu contemplar
Quisera ser uma gaivota
Para voar, voar, voar...

(Rejane Luz de Carvalho)

Camaleão



Às vezes sou só alegria, sou festa, carnaval, fantasia
Ás vezes sou morte, tristeza e nostalgia
Há dias que sou vida, canto, danço, renasço, refloresço
Em outros me fecho, choro, vou murchando; quase desapareço
Tem momentos que sou criança feliz, pura, sou água transparente
Em outros, águas escuras, sombrias...
Aí eu sofro desesperadamente.
Passeio então pelos estreitos vales da morte
Mas de repente ressuscito das cinzas
E novamente me sinto viva e forte...
Quem serei eu então?
Serei eu um camaleão?
Ou apenas alguém que vive todos os momentos
Com muita intensidade e emoção!

(Rejane Luz de Carvalho)

sábado, 27 de novembro de 2010

Vida


Não é exatamente a morte que me assusta
É essa angústia do não saber e o não viver
É essa fome, essa sede de amor e de vida
É a pressa, é o tempo...
Os dias dias, as horas, os minutos
Ecoam em mim como um lamento
Como num deserto a procura de um oasis
Eu tento andar, correr em direção do amor
Mas cada vez que me aproximo
Ele se afasta.
Tento então segurar a vida
E a agarro fortemente em minha mãos
Mas me decepciono ao perceber
que ao apertá-lá
Ela me escorre discreta e sutilmente
por entre os dedos...

(Rejane Luz de Carvalho)